Tratado sobre a Peste
"Escrevo esta carta pedindo que perdoe a minha impaciência, mas, durante todo este ano, tenho vivido feliz com a esperança; terei agora culpa de não conseguir suportar nem mais um dia de incerteza?" Noites Brancas, F. Dostoiévski
Encosto-me às paredes do corredor por não conseguir ver por onde me levam, esperando que a viagem seja longa.
Eu mereço uma viagem longa, longa e atribulada. Não por justiça.
E se pensar em assinalar o lado mais zeloso de um meu massacre ideológico, que figura faria ao estar condenada a uma perseguição demasiado longa, tão longa quanto o corredor ao qual me agarro.
É bastante difícil saber por que razão sou constantemente atribulada por este assunto, é como uma peste, cíclica... mas complacente.
Já é hora de poder escrever um livro enorme, todo ele repleto de receitas mais ou menos eficazes, com discursos, histórias, sermões e comparações. Basta um pouco de informação para que o mal não se repita, dizem eles.
Mas o que direi eu?
Estarei a adicionar fundamentos mais aguçados, ornamentos mais bizarros e inúteis, sem uma centelha de razão?
Já não é, portanto, a mim que me dirigo, mas aos Homens?
É-me dada opção e acabo sempre por escolher a ousadia de ser tolerante.
Eu mereço uma viagem longa, longa e atribulada. Não por justiça.
E se pensar em assinalar o lado mais zeloso de um meu massacre ideológico, que figura faria ao estar condenada a uma perseguição demasiado longa, tão longa quanto o corredor ao qual me agarro.
É bastante difícil saber por que razão sou constantemente atribulada por este assunto, é como uma peste, cíclica... mas complacente.
Já é hora de poder escrever um livro enorme, todo ele repleto de receitas mais ou menos eficazes, com discursos, histórias, sermões e comparações. Basta um pouco de informação para que o mal não se repita, dizem eles.
Mas o que direi eu?
Estarei a adicionar fundamentos mais aguçados, ornamentos mais bizarros e inúteis, sem uma centelha de razão?
Já não é, portanto, a mim que me dirigo, mas aos Homens?
É-me dada opção e acabo sempre por escolher a ousadia de ser tolerante.